14 de set. de 2012

espaços de construção de paz


Enquanto o número de mortos em atos anti-EUA após filme ofensivo ao Islã* chega a oito e a grande imprensa já começa a tratar os últimos acontecimentos de "outono árabe"...

“Muros que separam as pessoas são normalmente construídos com base em ignorância, ódio e medo. Eu tento criar fendas nesses muros. Quando percebi que minha dor era a mesma dor de um judeu, comecei a enxergar o quanto temos em comum”.

Aziz Abu Sarah é palestino e teve seu irmão morto por soldados israelenses. Hoje, é ativista pela paz no Oriente Médio. Semanalmente, apresenta o programa de rádio Changing Directions, e divide o comando do programa com Yitzhak Frankenthal, judeu ortodoxo que teve seu filho de 19 anos sequestrado e morto pelo Hamas. O programa é exibido pela All For Peace, única frequência de rádio criada por israelenses e palestinos, com o objetivo comum de ultrapassar as fronteiras e construir diálogos para a paz na região.

A rádio é difundida em cidades israelenses e palestinas e os programas são produzidos e apresentados por equipes mistas. Palestinos e israelenses que acreditam que a maneira de acabar com a intolerância é através da convivência. “Se nós, que perdemos pessoas próximas, podemos conviver e trabalhar juntos, então qualquer um pode”, diz Sammi Ibrahim, palestino e técnico de som da rádio.

Assim como a rádio All For Peace, o documentário Diálogos visitou outros espaços de integração entre árabes e judeus em Israel e bairros palestinos.

(...)

O média metragem tem como objetivo mostrar o que pouco se mostra: pessoas que, ao invés de incentivar a guerra, buscam a união, e a construção de uma linguagem comum a todos.

A paz não chega pronta. Experimentar a coexistência e lidar com as dificuldades apresentadas é trabalhoso. Se o conflito entre Israel-Palestina parece impossível de ser solucionado, iniciativas como as que Diálogos apresenta são alternativas otimistas e efetivas.

Peter Coleman, diretor do Centro Internacional para Cooperação e Resolução de Conflitos (International Center for Cooperation and Conflict Resolution) da Universidade de Columbia, pesquisa meios de solucionar conflitos aparentemente impossíveis de serem resolvidos.

Um dos pontos chave salientados pelo autor é que exista espaço para a interação, porque é através desta troca que se criam laços com aquele que seria o “inimigo”. Ao estabelecer contato, simplificações como “nós” versus “eles”, “bom” versus “mal”, deixam de fazer sentido. Coleman fala também da importância de reconhecer e apoiar o que já funciona. Diálogos apresenta exemplos que funcionam.


A criação de espaços de encontro é importante para pressionar os governos para um outro caminho que não o da separação ou da guerra.

Diálogos apresenta espaços de construção de paz – com muita discussão e debate – no Oriente Médio.

(Alice Riff - na íntegra aqui)

* * *



O que está bem próximo do "Nós te amamos, nunca vamos bombardear seu país" entre Irã e Israel (saiba mais aqui).O diálogo é muito mais plausível do que pode interessar aos partidários da lógica da guerra e do antagonismo. E, aliás, quem tem medo da paz?



(*) "Já há indícios de que o atentado ao consulado americano em Benghazi, na Líbia, estava sendo planejado há muito tempo, para coincidir com o 11 de setembro, e que a indignação quanto ao filme 'A Inocência dos Muçulmanos', que ofende o Islã, foi só um pretexto. Claro que não vou defender nenhum fanático religioso, mas o tal do filme é sério candidato ao título de pior de todos os tempos" - veja aqui, no Tony Goes.

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