8 de fev. de 2013

338 'homocídios' registrados no Brasil em 2012


Mesmo com campanhas esclarecedoras e com os movimentos de diversidade sexual cada vez mais organizados e preparados para obter conquistas, a homofobia ainda é uma realidade cruel no país. É o que aponta o mais recente relatório elaborado pelo Grupo Gay da Bahia, no qual foram registrados 338 assassinatos de gays, lésbicas e travestis. "Nunca antes na história desse país foram assassinados e cometidos tantos crimes homofóbicos. A falta de políticas públicas dirigidas às minorias sexuais mancha de sangue as mãos de nossas autoridades”, destaca o documento.

O que o relatório chama de "homocídio” revela, com clareza, o quanto ainda se falta avançar em termos de respeito e tolerância ao ser humano, independente de sua cor, classe ou orientação sexual, e o quanto as organizações de direitos humanos ainda têm o que fazer para reverter este quadro criminoso.

No documento, chama atenção a forma violenta de como se dá esses assassinatos motivados pela homofobia: são mortes provocadas por armas de fogo, com facas, foice, machado e até tesouras, além de uso de paus, pedras e marretas, afogamentos, violência sexual, torturas. Em oito das mortes registradas, as vítimas foram queimadas. Outras oito levaram mais de dez perfurações à bala, dentre elas está o caso do estudante Dimitri Cabral, da cidade de Campina Grande, no Estado da Paraíba, que foi morto com 19 tiros.

O Grupo Gay da Bahia vem fazendo este relatório anualmente e, conforme os dados comparativos, o número de assassinatos está crescendo consideravelmente, chegando a 27% com relação ao ano passado quando foram registrados 226 mortes. Trata-se de um crescimento de 177% nos últimos sete anos. Os dados mostram que dos assassinados, 56% eram gays, 37% eram travestis, 5% lésbicas e 1% bissexual.

O trabalho do GGB também identifica por região em que lugares esses crimes têm mais ocorrência. E o Nordeste lidera concentrando 28% dos assassinatos. De acordo com o documento, Alagoas – com 18 homicídios – é considerado o estado que apresenta mais perigo para os homossexuais. A Paraíba vem em segundo com 19 mortes e o Piauí em terceiro com 15 assassinatos.

Em declaração disponível no relatório, o antropólogo Luiz Mott, professor da Universidade Federal da Bahia, afirmou que estes dados não mostram a realidade, pois os números podem ser bem mais expressivos.

"A subnotificação destes crimes é notória, indicando que tais números representam apenas a ponta de um iceberg de violência e sangue, já que nosso banco de dados é construído a partir de notícias de jornal, internet e informações enviadas pelas Ongs LGBT, e a realidade deve certamente ultrapassar em muito tais estimativas”, disse.

(Via)

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