13 de dez. de 2012

os deputados e o projeto de "cura gay"


Deputados querem revogar uma resolução do Conselho Federal de Psicologia (CFP) para permitir "terapias de reversão sexual". A prática clínica da "cura gay" tem sido criticada no mundo todo, por tratar a homossexualidade como doença (coisa que não é admitida nos meios acadêmicos, nem pela OMS) mas que mesmo assim ainda ocorrem, e em alguns casos, com graves denúncias de intervenções psicológicas visando à “reversão”, internação compulsória, agressão e até mesmo tortura. A população brasileira não precisa disso, não precisamos de práticas que incentivem a discriminação.

A resolução do CFP 01/99 visa alertar para os riscos e problemas das chamadas "terapias de reversão sexual"; na maioria das vezes, tais terapias são conduzidas e divulgadas por pessoas ligadas a grupos que não aceitam a homossexualidade, por vezes ligados a entidades religiosas, predominantemente influenciados por valores e crenças moralizadoras.

Não há nenhuma evidência científica – estudada pela Psicologia, Medicina ou por qualquer das disciplinas do campo da Saúde – que apoie a ideia defendida no projeto, portanto, qualquer tentativa de tratamento que vise à “cura da homossexualidade” estará embasada em pontos de vista unilaterais, enviesados e calcados na moralidade de quem defende a proposta, indo contra tudo o que tem sido defendido pelas principais entidades mundiais que estudam o tema: American Psychological Association (APA), American Psychiatric Association e a própria OMS.

(Do blog Um outro olhar - leia na íntegra aqui.)

Clique aqui para assinar a petição do Conselho Regional de Psicologia pelo respeito e tolerância à diversidade sexual.

E mais: Parecer integral de deputado-pastor favorável ao projeto de "cura gay", onde fica evidente que a argumentação favorável ao projeto parte do princípio de que a homossexualidade é, nas palavras do deputado, uma "desordem/transtorno sexual" - e esse é TODO o problema.

* * *

(...) Todos têm direito a expressar sua fé, como todos deveriam ter direito a ter sua orientação sexual respeitada. Mas se tratamentos como esses passarem a ser oferecidos legalmente, sugiro também reciprocidade com a religião. Vamos curar cristãos, muçulmanos, judeus e todos aqueles que, dentro das religiões adotam comportamentos fundamentalistas, acreditando que amor é desvio.

Ainda mais porque escolhemos a fé. Não a orientação sexual. E lutar pelos direitos LGBTT nunca matou ninguém. O mesmo não posso dizer do já citado fundamentalismo religioso…

(...) Uma sociedade que não tem vergonha de fazer isso é aquela que, de tempos em tempos, espanca e assassina gays e lésbicas. Que abriga seguidores de uma pretensa verdade divina que taxam o comportamento alheio de pecado e condenam os que julgam diferentes a uma vida de terrível aqui na Terra, tornando real – enfim – o que suas escrituras sagradas chamaram de inferno. Por que a culpa é da sociedade? Porque, de acordo com Constituição, a dignidade é um bem que deve ser garantido pela coletividade e tutelado pelo Estado.

E, se não bastasse isso, representantes políticos (que deveriam garantir que direitos fossem válidos a todos os cidadãos) agem não para fazer valer o Estado de Direito, mas sim incentivar a intolerância, empurrando a sociedade para o precipício.

O homem é programado, desde pequeno, para que seja agressivo. Raramente a ele é dado o direito que considere normal oferecer carinho e afeto para outro amigo em público. Manifestar seus sentimentos é coisa de mina. Ou, pior, é coisa de viado. De quem está fora do seu papel.

Gostaria que nos déssemos conta que já passou o momento de sairmos de nossa zona de conforto e começarmos a educar nossos filhos para viverem sem medo. E não para serem inimigos de quem não usa o pênis para dominar o mundo.

- Leonardo Sakamoto, em seu blog (leia na íntegra aqui)


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Na Câmara, a Comissão de Seguridade Social e Família passou a tarde de terça-feira, 27, debatendo um projeto de lei, apresentado pelo deputado tucano João Campos, de Goiás. Ele quer suspender a resolução do Conselho Federal de Psicologia que, desde 1999, impede os psicólogos de tentar curar a homossexualidade. Alega que a resolução extrapola as competências daquela instituição e fere o direito constitucional dos terapeutas e dos pacientes.

Mas será que a verdadeira preocupação do deputado é a defesa da Constituição? Tudo indica que não. Eis alguns detalhes que vale a pena destacar para entender melhor o debate - no blog de Roldão Arruda no site do Estadão (aqui).

* * *

Gay conta ter gasto mais de R$ 60 mil para tentar ‘conversão’ à heterossexualidade

O americano Peteson Toscano conta ter gasto USS$ 30 mil (cerca de R$ 60.500), recorrido a três tentativas de exorcismo e passado por um casamento fracassado até conseguir superar seus dilemas pessoais e aceitar que era gay.

O processo durou 17 anos e Toscano hoje milita contra tratamentos que atendem por com nomes como ”conversão” ou ”terapia reparadora”, voltados para gays que querem mudar sua orientação sexual.

Tais práticas contam com o apoio de Igrejas fundamentalistas cristãs. E alguns dos que se submeteram a elas asseguram sua eficácia e se definem como ex-gays.

Mas Toscano, de 47 anos, afirma que não só estes processos não funcionam como também causam danos psicológicos. (...)

Leia na íntegra aqui

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