18 de dez. de 2012

medo do fim


Maias explicam confusão no calendário

Líderes maias da América Latina foram a Los Angeles explicar a "confusão" na próxima mudança de ciclo no calendário pré-colombiano (...). "De acordo com o calendário maia, este ano será marcado por uma mudança de ciclo que foi iniciada há 5.125 anos, o chamado baktunes", disse à agência Efe Marte Trejo, historiador e astrônomo mexicano. "(...) O que acontecerá é simplesmente uma mudança de ciclo, que terminará em dezembro para começar um novo período ou novo baktun", afirmou.

(...) "A visão de mundo maia é a união entre a natureza e Deus, é a união entre os corpos celestes com a mãe terra", completou o sacerdote. O calendário maia é uma pedra de cálculo circular, disseminada na região da Mesoamérica, que, segundo o anuário gregoriano do sistema ocidental atual, foi iniciado no dia 13 de agosto de 3.114 a.C.

"O sistema de contagem de tempo dos maias não era linear, mas era circular e, por isso, o calendário também é circular, já que os ciclos começam em um ponto e terminam em si mesmos. Assim, nasce um novo período", indicou Trejo, que colabora com a Secretaria de Turismo do México para falar sobre o Mundo Maia.

Leia na íntegra aqui.

* * *



Da coluna de Marcelo Gleiser na Folha de S. Paulo, 16-12-12:

(...) Leitores, podem se acalmar. Garanto que sexta-feira, dia 21, será apenas mais um solstício de verão, o dia mais longo do ano. No sábado de manhã, você estará tomando seu café tranquilamente, com um sorriso nos lábios, convencido de que essa história de profecia de fim de mundo é mesmo uma bobagem. Tudo será devidamente esquecido e a vida continuará como antes. Pelo menos, até a próxima profecia. (...)

[E mais: Ameaças de suicídio levam Nasa a desmentir ‘fim do mundo em 2012′]

Nenhum tablete de barro ou papiro misterioso prevê o fim do mundo. Ao contrário, os pouquíssimos documentos que sobreviveram à dilapidação tropical e ao fanatismo dos padres espanhóis, que queimaram tudo o que encontraram, não oferecem qualquer indicação de fim de mundo.

O mesmo ocorre com a ciência. Várias causas foram oferecidas para provocar o fim: a reversão dos polos magnéticos da Terra, a colisão com um asteroide, instabilidade solar, o planeta Nibiru, alinhamento galáctico etc. A Nasa preparou respostas para todas essas "ameaças" em seu portal e em um vídeo [acima]. A história do planeta Nibiru, por exemplo, foi inventada pela médium americana Nancy Lieder, que diz ter um implante na cabeça que permite a ela se comunicar com alienígenas do sistema planetário Zeta Reticuli, a 39 anos-luz de distância.

(...) Entre outras coisas, o medo do fim do mundo reflete nosso medo de perder o controle da vida, do nosso destino. Reflete o medo ancestral, encravado em nossa memória coletiva e reconfirmado todos os anos em dezenas de desastres cataclísmicos, de que a natureza é muito mais poderosa do que nós e tem o poder de nos aniquilar a qualquer instante.

Se nos séculos passados o fim do mundo refletia a ira divina ou a chegada da ressurreição, hoje, com os avanços da ciência, as causas são fenômenos cósmicos devastadores. Mas, como explico em meu livro "O Fim da Terra e do Céu", a simbologia é sempre a mesma: o fim vindo dos céus, sem que possamos nos defender, vítimas de nossos pecados ou de nossa fragilidade.

Mas não precisa ser assim. Temos um poder enorme para nos defender de medos ancestrais e infundados: a razão. Nossa compreensão da natureza não nos traz apenas celulares e DVDs mas também a certeza de que o conhecimento é a melhor forma de liberdade.

* * *
Não sei, não, Gleiser. Esse endeusamento da razão me preocupa um pouco, ou muito. Será mesmo que a mera razão, apenas o pensamento basta como ferramenta para nos assegurar e reconfortar diante do universo? Contrariando Goya, a razão, isolada, parece ter criado mais monstros do que respostas. Talvez, justamente diante da limitação inerente à nossa possibilidade de conhecer, tenhamos outros recursos importantes que não podemos renegar. O senso de fascinação e reverência diante daquilo que não conhecemos nem entendemos - e, como já disse um sábio, quanto mais a gente sabe, mais a gente sabe o quanto não sabe - talvez seja fundamental para não nos deixar mergulhar nas trevas e no medo. Talvez o medo seja fruto, em parte, justamente da perda do nosso senso de sagrado... Há que resgatá-lo.

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