14 de dez. de 2012

o sistema midiático, como controle social por parte do poder, acabou


(...) A reviravolta, para Castells, é a crise econômica, por ele definida como "a primeira crise global, não global": as redes do poder, políticas e econômicas, nos países ocidentais, através dos meios de comunicação de massa, difundem a ideia de que o crise é global para poder fazer com que as populações paguem as contas dos crimes econômicos, políticos e sociais que foram perpetrados por eles através dos bancos e das especulações financeiras.

Mas a crise não é global, pois aflige exclusivamente os países ocidentais que representam no máximo 30% da população mundial (pensemos nas economias emergentes, todas em crescimento, como os países que integram a sigla BRIC – Brasil, Rússia, Índia, China). E é nesse cenário que, para Castells, o sistema midiático, como o conhecemos, ou seja, como expressão do controle social por parte das redes de poder, acabou:

"O monopólio da comunicação de massa acabou, e essa é a mudança mais importante na história da comunicação. As pessoas hoje são capazes de criar redes de comunicação horizontais de modo multimodal, sem nenhum controle de governos ou empresas. Sim, há tentativas de controlar, mas há alguns fatores que o impedirão: a) em todos os Estados, há uma proteção jurídica para a livre expressão; b) as pessoas podem reagir, mudando, por exemplo, as regras; c) as pessoas são capazes de contornar o controle e sempre encontram o modo de se comunicar na internet. Mesmo na China".

E é justamente através da rede internet que puderam se desenvolver movimentos internacionais [e também aqui] como os Indignados espanhóis, o Occupy Wall Street nos EUA e também as revoluções da Primavera Árabe.

Castells afirma que o jornal impresso não tem futuro, não porque esteja vinculado por um improvável (para ele) determinismo tecnológico, mas sim ainda na ótica da mudança do cenário político-social que foi o campo no qual o jornal impresso, como medium, se afirmou: "O nosso mundo é online. Cerca de 97% de todas as informações existentes no planeta estão digitalizadas. Os jornais que não se adaptarem à era digital estão condenados, independentemente dos sistemas 'ludistas' que podem testar. Na realidade, a maior parte dos jornais europeus é subvencionada pelos governos e pelos partidos políticos ou é propriedade de empresas, mesmo que em perda, com o único propósito de manter a própria influência política atual".

E sobre a questão da sobrevivência do jornal impresso, Castells não tem dúvidas: "É uma questão de tempo. Quando a atual geração das pessoas com 60 anos acabar, não haverá nenhum jornal impresso sem subvenções. Mas a informação e o jornalismo prosperarão no mundo da comunicação virtual, que os editores deverão compartilhar com os blogueiros e com os outros habitantes da rede".

Leia na íntegra aqui. Como exemplo do que fala Castells, dê uma olhada em "O referendo islandês e os silêncios da mídia", de Mauro Santayana, aqui.

E mais: "O jornalismo dos anos 90", livro de Luis Nassif, é uma excelente introdução a uma leitura crítica da produção jornalística (para baixar em pdf, aqui)

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