14 de set. de 2012

é hora de desarmar deus


“Deus não é cristão, Deus não é judeu, nem muçulmano, nem hindu, nem budista. Isso tudo são sistemas humanos, criados pelos seres humanos para tentar nos ajudar a penetrar no mistério divino. Honro a minha tradição, trilho os caminhos da minha tradição, mas não creio que minha tradição defina Deus, apenas me aponta para Ele.”

- John Shelby Spong, bispo anglicano

* * *

"O grande problema de Deus é que não o conhecemos senão na mente e no coração dos homens. E os homens constroem a sua fé com a frágil experiência de seus limitados sentidos, suficientes apenas para o trânsito no mundo em que vivemos. Os olhos podem crescer nos telescópios e ir ao fundo dos universos, ou na perscrutação das moléculas e átomos, mas isso é pouco para encontrar Deus, e menos ainda para construí-lo.

Sendo assim, e desde que há comunidades políticas, o monoteísmo tem servido para identificar ou exacerbar as razões ou desrazões nacionais.

O Ocidente judaico-cristão não assimilou a chamada terceira revelação, a de Maomé, embora ela não tenha significado nenhuma apostasia essencial ao hebraísmo. O problema se tornou político, com a expansão dos povos árabes pelo norte da África e a invasão da Península Ibérica. (...)

Agora, um filme de baixa qualidade técnica e artística* – conforme a opinião de especialistas – traz novo comburente às velhas chamas. (...) Essa reação, que culminou com a morte do embaixador norte-americano na Líbia, ainda não se encontra contida, e é provável que ainda se agrave, apesar das declarações do governo norte-americano, que busca distanciar-se dos insultos.

Os republicanos, em plena campanha eleitoral, devem ter exultado. A morte do Embaixador (asfixiado no incêndio do Consulado em Benghazi) pode ter sido uma baixa para os seus quadros, mas representa um trunfo contra Obama: sua política não tem conseguido dar segurança absoluta aos cidadãos norte-americanos. (...) A resposta de Obama, enviando dois destróieres à Líbia, não foi a melhor para reduzir as tensões; ela pode intensificá-las.

O que o governo de Washington e os republicanos não dizem é que o apoio, incondicional, aos radicais de Israel, que pregam abertamente a eliminação dos muçulmanos do mundo — assim como os nazistas desejavam a eliminação de todos os judeus – estimulam os insultos infamantes ao Islã e a resposta espontânea e violenta dos fanáticos do outro lado contra aqueles a quem atribuem a responsabilidade maior: os norte-americanos. E há ainda a hipótese, tenebrosa, mas provável, diante dos precedentes históricos, de que as manifestações tenham partido de agentes provocadores dos próprios serviços ocidentais – ou israelistas, o que dá no mesmo.


A mentira de Blair e Bush – dois homens que o bispo Tutu, da África do Sul, quer ver no banco dos réus em Haia – custou centenas de milhares de civis mortos no Iraque e no Afeganistão, e muitos milhares de jovens norte-americanos mortos, feridos, enlouquecidos nos combates inúteis. Nada é pior para os capitalistas do que a paz – e nada melhor do que a guerra, que sempre os enriquece mais, e na qual só os pobres morrem."

(Marcos Santayana, aqui

(*) "Já há indícios de que o atentado ao consulado americano em Benghazi, na Líbia, estava sendo planejado há muito tempo, para coincidir com o 11 de setembro, e que a indignação quanto ao filme 'A Inocência dos Muçulmanos', que ofende o Islã, foi só um pretexto. Claro que não vou defender nenhum fanático religioso, mas o tal do filme é sério candidato ao título de pior de todos os tempos" - veja aqui, no Tony Goes.

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